sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Fico absolutamente parva com a capacidade fantástica que as grandes empresas têem de mandar para o exterior uma imagem completamente diferente da realidade vivida no interior das mesmas. Fico pasma mesmo! Ou os profissionais que tratam disso são excelentes (se eu fosse a eles ia para a política) ou os estudos que eu li foram feitos a toda a pressão pela entidade responsável pelos mesmos ou então as pessoas são estúpidas.
Segundo esses estudos (não vou divulgar a entidade, não....), parece que há imensa gente que quer vir trabalhar para a empresa onde eu trabalho: não sei como...no meu local de trabalho há imensa gente que está desertinha para sair de lá para fora...
A empresa é tida como "forte e robusta": lá isso é; à custa de muito trabalhinho da nossa parte, claro! Trabalhinho é como quem diz TRABALHÃO, muito mal pago, quando não é mesmo á borlix...
É vista como uma empresa de valores e causas, com responsabilidade social... (estou quase a vomitar...!), interessada na qualidade do trabalho dos seus colaboradores - eu diria mais que interessada, interesseira. Porque assim que apanham algum totó (como eu), que se farta de trabalhar e que faz as coisas como deve de ser e que ainda por cima faz isto quando lhe pagam um ordenado de merda (desculpem lá mas não tem outro nome), exploram-no até ao tutano. É até irmos ter com o Doutor à beira de 1 colapso neurótico, já para não falar das espandiloses, das fraquezas, anemias e crises asmáticas que surgem automática e simultaneamente com as crises de stress.

Não sei se já deu para reparar mas eu hoje estou um bocadinho (...1 bocadinho?...) zangada, frustrada, desmotivada com o meu emprego. Corrijo, trabalho. Aquilo não é um emprego.
Para além de estar zangada com o meu trabalho estou, acima de tudo, zangada comigo mesma. Porque me permito estar a trabalhar em condições que não mereço. Em condições que ninguém merece. Em condições que actualmente já não deviam de existir. A crise não pode ser um pretexto para a exploração. Não pode ser uma desculpa para que deixem de tratar os trabalhadores como seres humanos.
Ontem levei um "raspanete" por não ficar a trabalhar após o meu horário de serviço, quando tinha deixado bem claro que tinha de sair a horas nesse dia (para ir buscar uma vacina para o meu filho). Para já, não tenho que dar satisfações sobre o que vou ou não vou fazer após o meu horário laboral; muito menos tenho que trabalhar para além dele e ainda menos tenho que ouvir sermão por não poder ficar para além do mesmo.
O problema é que toda a gente fica. O meu patrão tem um rebanho à maneira: bem mandadinho e caladinho. E aquele que não deixa que lhe dêem umas boas chicotadas (pelo menos psicológicas) é a ovelha ranhosa. Chego a ter colegas que, por acaso, vão ao local de trabalho no dia de folga e metem-nas a trabalhar...corrijam-me se eu estou enganada, mas isto não é normal pois não? Eu não interiorizo que isto seja normal...!
Confesso que após toda a dedicação que tenho tido no meu trabalho não esperava a discussão de ontem. Se eu fosse um daqueles trabalhadores que nunca está disponível para fazer um tempinho extra até percebia. Aprecio quem trabalha com dedicação e empenho, logo eu também trabalho assim. E penso que um trabalhador que apenas cumpre o seu horário e trabalha suficientemente não tem o mesmo valor que um que trabalha mais arduamente e que manifeste alguma disponibilidade extra para com a entidade patronal. Mas existem limites. No Sábado fiz 2 horas a mais (quando as faço ninguém precisa de me pedir; vejo que há trabalho que tem que ser feito e não saio sem deixá-lo pronto), no Domingo trabalhei das 8h às 17h30 ininterruptamente (sim, sem comer e sem ir á wc, como acontece MUITO frequentemente), na 2ª feira saí à 1h30 da manhã (mais duas horas extra time), na semana anterior já tinha saído mais tarde praticamente todos os dias, e esta semana também ainda não tinha saído a horas (áliás, até tinha pensado em tirar as horas que tinha feito a mais na tarde de ontem, mas como havia muitas tarefas para terminar resolvi não o fazer) e no fim de tudo isto (note-se que ainda estou em período de licença de amamentação... e aproveito também para informar que as horas a mais não são pagas - são-nos depois compensadas em tempo, do género ainda estou à espera) tenho de ouvir o que ouvi, da bôca de 1 chefe que ganha o dobro do que eu ganho e que trabalha metade do que eu trabalho??? Puta que os pariu!!!
Eu mereço mais!!! Muito mais! E espero que os meus colegas um dia se apercebam que também merecem mais.
O episódio de ontem foi apenas mais um na minha miserável vida profissional...É capaz de ter sido a 10ª vez em que estive à beira de escrever a minha carta de demissão... mas... estou convencida que "tantas vezes o cântaro vai à fonte que acaba por lá ficar..." Ainda não o fiz porque preciso de dinheiro, né?, mas tenho consciência que por uma questão de direito dos trabalhadores e por amor próprio já o devia ter feito. Não me sinto bem, sinto-me claustrofóbica naquele antro de exploração humana, sinto-me ridicularizada quando dão oportunidades a quem não merece enquanto os que levam a empresa para a frente continuam na mesma (não estou a gozar: uma colega foi colocada num posto pelo qual eu tinha manifestado interesse porque ali não fazia nada de jeito - dito pelo chefe, cunha metida por esse chefe...), por isso vão para a merda mais o sentido de responsabilidade social que tanto apregoam!!!
Ontem deram-me um panfleto da CDU. Sou bem capaz de votar CDU desta vez. Conhecem aquela cantilena: "CDU! CDU! Levas um pontapé no --!"? Pronto, apetece dar um pontapé no -- a alguém...! Ainda não sei bem a quem: entre presidentes, directores, engenheiros, gestores, empreendedores, técnicos, chefes e responsáveis fico na dúvida. Mas vou mesmo dar um pontapé no -- a alguém. Prometo. Porque isto não é viver a sério...

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