quarta-feira, 17 de junho de 2009

Hoje fui passear com o meu rebento (1º filho: mãe babada, pai babado, avós babados; é só baba!), como é costume, e já que estes passeios são uma autêntica aventura resolvi escrever sobre isso mesmo. Só nos apercebemos de como as cidades não estão planeadas para se passear com um carrinho de bebé quando temos um...Não é tarefa fácil, garanto!
1º obstáculo: sair do prédio.
O acesso é feito através de escadas. 20 degraus. Não pensámos nisto quando para lá fomos morar...Para ultrapassar esta situação resolvemos alugar uma garagem no prédio, o que já nos permite sair com o carrinho facilmente para a rua. Alugámos e comecámos a pagar a garagem em Janeiro. Começámos a usufruir dela em Maio (o portão automático esteve avariado todo esse tempo...). O pequeno nasceu em Março... Ou seja, estive dois meses "prisioneira" na nossa própria casa, sem poder ir passear o bebé, por causa de 20 degraus! Custava muito terem lá posto uma rampa?!
2º obstáculo: os passeios.
Após a escolha do melhor percurso (há ruas que não têem passeio, outras que são demasiado estreitas para caber um automóvel e um carrinho de bebé, há ainda aquelas em que há imenso trânsito, as que estão em obras, etc.), aí vamos nós passear! E os passeios estão muito direitinhos...Acho que a Torre de Pizza não consegue ser tão torta. A sensação que tenho às vezes é que estou num barco no meio de uma enorme tempestade. Até sinto o sangue apenas num lado do cérebro, tal é o desnível. Se sózinha já é o que é (então de saltos altos, ui! Com sapatos que esbarram também é catita! E então quando chove?!), com um carrinho de bebé é uma autêntica proeza! Há passeios que só se fazem bem completamente bêbado. Só assim parecem planos.
3º obstáculo: os automóveis estacionados nos passeios.
Num percurso de 500 m, encontram-se à volta de cinco carros mal estacionados. Ups! Um carro! Deixa ver se não vem ninguém...'bora lá um cadinho pá estrada! Gaita pa quem deixa aqui os carros! Desce o passeio, cuidado com as rodas dianteiras que se entortam todas, quase que o carrinho dá um pinote; ai que isto é uma curva, vem lá um carro e eu aqui a fazer equilibrismo...já está! Depressa, sobe o passeio e ufa, ufa!
4º obstáculo: as passadeiras.
Também têem um desnível do caraças. ( Lá há uma ou outra feita como deve de ser.) Aqui o passeio até é baixinho, fazia-se bem, mas não, vou ser cidadã responsável, andar mais uns passinhos e atravessar além na passadeira...ora, agora tenho que ir mais um cadinho pó meio da estrada, que está aqui mais um carro mal estacionado, estica a perna: desce o carrinho; estica a perna: sobe o carrinho, mais dez passinhos e olhá passadeira! Mas o que é isto?! Parece um degrau do castelo de Guimarães! Vou ter que passar aqui?!Chiça!
5º obstáculo: os novos jardins.
Finalmente chegamos aos novos jardins que por aí se fazem agora. Alguns não têem árvores. (Nunca hei-de conseguir perceber porque é que fazem jardins sem árvores...alguns nem sequer flores têem. Mais parecem um campo de futebol - ás vezes em terra batida - do que um jardim. ) Mas insistem em chamá-los de jardins. Se os passeios são o que são, estes novos jardins têem caminhos feitos para quem quer lançar os seus descendentes no "todo-o-terreno". Os da minha cidade são uma fantástica mistura: umas pedras grandonas a fazer uns feitios giros, e o resto em terra arenosa, que vai á vida quando chove. Ficam buracos. Autênticas crateras. É fantástico passear em caminhos assim! Se a criança não vomitar é uma sorte! Mas de certeza que vê o Mundo tremido... Ah! Nestes jardins modernos há dois ou três banquitos (não havia dinheiro p'ra mais). E outra das coisas que não percebo é porque carga de água não colocam os bancos onde há sombra...
6º obstáculo: as pontes modernas.
Não posso deixar de lado as fabulosas pontes inauguradas há pouco nestes belíssimos novos jardins da minha cidade. Devem ter contratado engenheiros, arquitectos, paisagistas e designers do best. É que tiveram uma ideia genial: fazer duas pontes de madeira, em forma de monte (talvez por estarmos inseridos numa zona de Parque Natural de Serras). Havia uma ponte em cimento, plana...mas, segundo estes senhores, não se integrava no conceito destes novos jardins...toca de mandá-la abaixo e fazer estas novas duas pontes. Custam um bocadinho a subir e a descer e são, talvez, um pouco inclinadas de mais, mas são muita giras! Ficam aqui mesmo bem! Para terem uma ideia, quando as pontes foram inauguradas chovia (madeira inclinada e chuva...estão a ver, não estão?) e houve, pelo menos, dois tralhos dignos do "Tá a Gravar". Tenho que fazer uma força do caneco para subir aquelas pontes com o carrinho e, se me descuido ao descer, a criança vai parar uns bons metros lá à frente!... And I wonder: quanto terão pago aos engenheiros, arquitectos, paisagistas e designers? É que, realmente, são muito bons naquilo que fazem. Não têem grande sentido prático, mas fazem coisas muito bonitas! Ás vezes...

Agora uma bela conclusão:
No fim disto tudo, ainda me dizem que não tenho direito direito a receber o subsídio de incentivo á natalidade dado pela Câmara, porque a zona onde eu habito já não faz parte do Centro Histórico (que é este local maravilhoso com as pontes e os jardins onde eu vou passear todos os dias). Então eu estou a dez minutos a pé do Castelo (devagarinho e a subir) e não moro no Centro Histórico? Pelo menos eu passeio no Centro Histórico da minha cidade deserta (acreditem que ao fim de semana não se vê vivalma; chega a ser assustador), enquanto que outros que receberam subsídio vão passear para o Shopping... mas eu não tenho direito ao subsídio... tá bem, pronto. Também não queria assim muito o subsídio. Queria era uns passeios, passadeiras, pontes e jardins como deve ser...

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